sábado, 18 de setembro de 2010

Adeus você


Aconteceu! Nada inesperado, nem desesperado, mas aconteceu. Esse blábláblá de que a vida é feita de ciclos só parece fazer sentido, de fato, quando a gente se vê forçado a encarar uma realidade diferente da que estávamos acostumados. Aí o clichê serve de consolo, ou vira motivação pra manter-se firme na nova posição. E depois que acontece, vem aquele sentimento saudosista que é a maneira mais humana de sentir na pele o "só dá valor depois que perde", mas já era hora. Nem acho que o lance seja perder alguma coisa, porque alguma coisa já estava perdida há algum tempo e a gente não viu, ou fingiu que não... Talvez fosse justamente aquelas coisas que fizeram dar certo pelo tempo que durou. Não vou falar das inúmeras vezes em que eu não dei a mínima pra sua carência e respondi com falta de consideração, porque não carrego mais o peso de ter estragado tudo. Essas retrospectivas revivem em mim muitas coisas que já não me servem mais. Coisas que já foram essenciais mas em algum momento, que eu não sei delinear com precisão, passaram a assumir novos significados não tão relevantes quanto outras faltas. Não de atenção, de carinho ou qualquer coisa parecida. Eram faltas abstratas, de coisas que eu talvez nem saiba ao certo. Se eu pensar muito posso pirar achando que tudo se torna cada vez mais confuso nesse emaranhado de dúvidas que eu não pretendo esclarecer. E se tudo é mesmo uma questão de prioridade, sejamos sinceros: deixamos de ser nossas respectivas. Você foi a vontade que faltava em mim e eu fui o ponto final que você não conseguia colocar. E vice-versa. Fomos, voltamos e deixamos de ser. Mãos muitas vezes frias, mas o coração sempre quente. Até demais... Tentamos com todo o empenho do mundo desafiar nossa incompatibilidade, mais aparente a cada dia. Nosso problema talvez seja uma década inteira, aquela que você viveu e eu não. Talvez. Tudo não passa de hipóteses que a gente cria como quem revisita a mesma história várias vezes e sempre descobre uma nova possibilidade de justificativa. Somos muito iguais e ao mesmo tempo muito diferentes. As sensações que despertávamos um no outro também foram mudando com o passar dos dias, semanas e meses em que o iôiô ia e voltava. Mas até uma cicatriz fechada deixa marcas, e nós acumulamos várias. E mesmo com todos os sinais, tinhamos uma lista pronta de porquê valia a pena tentar mais uma vez. Tantas vezes voltamos aos mesmos lugares... Mas uma hora os cacos não se encaixam mais e o remendo não convence. Insistimos também por teimosia e sempre soubemos disso! Você idealizava uma série de coisas que eu não iria concretizar e eu fui virando um sonho cada vez menos real. Eu via nos seus olhos planos que não cabiam no meu projeto de vida e você também foi ficando cada vez mais presente e menos futuro. E o futuro parece finalmente ter chegado! Adeus você...

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