segunda-feira, 17 de maio de 2010

Minhas pernas inquietas.


Minha cabeça, que sempre foi um emaranhado de pontos de interrogação, permanece confusa. Cada vez mais! E quantas vezes eu não ouvi dos outros que me preocupei à toa? É o famoso: "não sofra por antecipação". Fácil pra quem não se envolve com o indefinido. Eu já sei muito bem que não adianta tentar desenrolar os mal-entendidos (ou não-entendidos), nem fantasiar sobre o que não podemos prever.
Mas continua sendo difícil, pra mim, ser equilibrada o suficiente pra conseguir segurar a ansiedade de querer saber cada passo que será dado na cena seguinte, típico de quem insiste nessa mania péssima de querer dominar da situação. Tudo porque não posso perder o controle do que está a meu alcance, nem quero perceber que em algum momento eu deixei as coisas acontecerem sem minha autorização, como se eu tivesse algum veto absoluto e incontestável sobre todos os acontecimentos ao meu redor.
Inúmeras vezes eu soube que meu sofrimento precoce poderia ser em vão, mas conto nos dedos as vezes em que eu consegui usar essa informação a meu favor. Esse é o problema de ser intensa em todos os seus sentimentos! Você vive o amor com intensidade, mas o ódio e a própria ansiedade também. Bons e ruins, todos intensos! Você vai do inferno ao céu em segundos e faz da vida uma montanha-russa com frios na barriga mais constantes do que trocas de roupa. Por que não deixar as respostas virem até você no tempo certo? Pra quê esse ritmo frenético que te faz atropelar tantas coisas e engasgar com algumas delas?
Uma das definições de ansiedade no dicionário é "sofrimento de quem espera o que é certo vir; impaciência", e eu não quero mais conviver com esse incômodo que me aflige sempre que algo importante se aproxima. Também não quero ver chegar o dia em que vou descobrir que aquela gastrite iminente passou a fazer parte de mim. Chega da síndrome das pernas inquietas, chega de mascar chiclete até perder totalmente o gosto e virar borracha só pra desviar minha atenção!
Mas como eu vou saber se toda minha pressa pra chegar é por causa de você? E quem vai me dizer se pensar na mesma coisa em tantos momentos diferentes do dia continua dentro do aceitável? Quem vai controlar essas batidas fortes e o rosto corado?
No fundo eu gosto dessa ansiedade louca e cadenciada que me angustia mas que, ao mesmo tempo, sustenta minha vontade de passar por todas essas situações desconcertantes numa boa, tantas vezes, e me faz rir de todas elas depois.
Não vejo alimento melhor pra alma do que essas borboletas no estômago...