terça-feira, 6 de março de 2012

Um ano depois...


Era segunda-feira de Carnaval e eu andava sozinha por uma rua que eu adoraria saber o nome, quando vi você uns 10m a frente de mim e resolvi te pedir uma informação. Naquela fração de segundo eu jamais poderia imaginar que o seu sorriso lindo e seu sotaque carioca permaneceriam na minha vida por tanto tempo. Ainda bem que a vida reserva inúmeras surpresas deliciosas pra cada um de nós. Acho engraçado pensar que eu dei o primeiro passo pra que nos conhecêssemos, mas foi você que apertou o passo pra que aqueles 10 minutos de conversa não terminassem ali. E por mais que eu não tivesse interesse nenhum no momento em que te abordei, vi ele surgir à medida em que você falava e eu descobria mais sobre você. Você fez uma viagem de 6 horas de carro parecer curta, e depois de mais de 24h sem dormir eu aceitei tomar um suco com você porque a sua companhia era tão agradável que eu não queria me despedir. E eu me apaixonei perdidamente quando faltavam apenas 2 semanas pra me mudar de país, sem data pra voltar. Ao mesmo tempo em que a pressão da contagem regressiva não saia da minha cola, você ia me conquistando cada vez mais e me mostrando que eu não podia, de forma alguma, deixar de aproveitar cada minuto precioso que eu tinha ao seu lado. E assim foi. Assim fomos… Fomos ao cinema, a restaurantes, a festas, à praia, ao seu apartamento tantas vezes… Se você soubesse como eu sinto saudade de deitar na sua cama com medo de perder a hora, o que nós já sabíamos que inevitavelmente aconteceria. Me sentia protegida quando você fechava a janela ao perceber que eu estava com frio e me cobria, e você não me sufocava quando me abraçava pra dormir. Eu amava o seu quarto! E eu gostava mais do seu apartamento antigo, por mais que esse novo seja maior. Mas eu nunca te falei isso porque sei que você está muito satisfeito com a troca…
Será que a sua geladeira continua meio vazia? Será que você continua esquecendo de pagar algumas contas? Lembra quando você quis me mostrar por Skype como fazer a panqueca de banana, mas na hora de acender o fogão lembrou que tinha esquecido de pagar a conta de gás? A gente riu tanto, lembra? Eu te achei encantadoramente desligado e ali eu percebi que eu tinha me apaixonado até pelos seus defeitos.
Você me ajudou a encerrar um ciclo que eu não consegui sozinha, e isso é outra coisa que eu nunca te falei. Hoje faz exatamente um ano que aquele encontro no meio da rua aconteceu. E eu confesso que sempre achei que amor de Carnaval ficasse ali pela quarta-feira de cinzas mesmo…
Mas você me mostrou o seu lado mais bonito e eu nunca vou esquecer como você fica lindo tocando "Queixa" no violão, ou dirigindo de óculos. Você também viu o meu lado mais bonito e, mais do que isso, você despertou em mim aquela vontade genuína de dividir as coisas com alguém. Você me fez transbordar felicidade e me cativou pra sempre. Obrigada por ter permanecido ao longo desses 365 dias, seja lá como for e como foi.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Minha (re)consolidação.


Hoje é o primeiro dia do ano e eu já posso sentir que meu 2011 começa de uma maneira completamente oposta ao início de 2010. Pra mim o ano passado foi um ano de transição, marcado por inúmeros pontapés iniciais que levaram a outras tantas coisas que serão consolidadas só agora, 12 meses depois.
Perdi meu irmão pra um intercâmbio e virei filha única (e vou continuar sendo até julho). Perdi muitas horas da minha vida social pra um trabalho que deixou minha conta bancária recheada como nunca. Deixei meu diploma de lado, investi tempo e dinheiro e me aventurei em um curso que vai mudar completamente o rumo da minha vida. E isso é só a ponta do Iceberg.
Evolui em muitos aspectos e também andei pra trás em alguns momentos.
Sofri e fiz sofrer. Passei vergonha, dei orgulho. Dei mais que orgulho, aliás. Dei risada, dei conselhos, dei trabalho, dei sermões e dei presentes.
Deixei de ser aquela coração de gelo que fazia mal sem querer pra alguns, pra me tornar uma manteiguinha que ainda não sabe lidar direito com as "derretidas" recorrentes. E percebo que as pessoas também não sabem, porque essa nova situação que eu apresentei de uma hora pra outra aconteceu sem meu próprio aval. Comportamentos que antes não me abalavam, hoje acabam comigo. Frases soam ofensivas, atitudes me parecem brutas e desnecessárias.
As pessoas que reclamavam da minha frieza parecem não ter percebido que eu mudei e continuam me tratando exatamente da mesma forma. Mas hoje em dia eu não tenho mais o casco que me tornava inabalável frente a uma lista de coisas que hoje eu não tolero mais.
De tanto me cobrarem aprendi a sentir ciúmes, por exemplo. Continuo sendo racional em alguns momentos, mas agora eu ouço um homem tocando "Eu sei que vou te amar" no piano e meus olhos enchem de lágrimas. Vejo o Luciano Huck ajudando gente que precisa e choro. E eu só quero saber quando é que essa TPM maldita e eterna vai sair de mim!
Cansei de ser sensível, essa vida não é pra mim.
Não sei pedir carinho e odeio ser carente.
Quero e preciso ser forte porque as pessoas que eu amo já são meu lado mais sensível e eu prefiro ser cobrada mas não precisar cobrar.
Poxa, não é nítido que ando à flor da pele já faz algum tempo? Será que eu preciso mesmo gritar essa necessidade de me sentir protegida?
Cansei de dar sinais e não ser entendida. Cansei de escancarar fragilidades que eu não quero assumir.
Mas vou deixar de lado esse orgulho que pertence à minha ex-personalidade fria pra assumir publicamente que eu tenho sentido falta de muitas coisas que lá atrás eu tive de sobra. E não é que não dei valor e perdi. Eu simplesmente consegui enxergar e sentir, depois de tanto tempo, o quanto tudo isso faz diferença.
Mas como eu disse no começo, esse ano começa completamente diferente do passado e será o ano da consolidação. Entre outras tantas coisas, será o ano pra (re)consolidar meu coração.
Feliz 2011!!! Feliz como sempre e muito mais do que nunca. Feliz como nunca e muito mais do que sempre...

sábado, 18 de setembro de 2010

Adeus você


Aconteceu! Nada inesperado, nem desesperado, mas aconteceu. Esse blábláblá de que a vida é feita de ciclos só parece fazer sentido, de fato, quando a gente se vê forçado a encarar uma realidade diferente da que estávamos acostumados. Aí o clichê serve de consolo, ou vira motivação pra manter-se firme na nova posição. E depois que acontece, vem aquele sentimento saudosista que é a maneira mais humana de sentir na pele o "só dá valor depois que perde", mas já era hora. Nem acho que o lance seja perder alguma coisa, porque alguma coisa já estava perdida há algum tempo e a gente não viu, ou fingiu que não... Talvez fosse justamente aquelas coisas que fizeram dar certo pelo tempo que durou. Não vou falar das inúmeras vezes em que eu não dei a mínima pra sua carência e respondi com falta de consideração, porque não carrego mais o peso de ter estragado tudo. Essas retrospectivas revivem em mim muitas coisas que já não me servem mais. Coisas que já foram essenciais mas em algum momento, que eu não sei delinear com precisão, passaram a assumir novos significados não tão relevantes quanto outras faltas. Não de atenção, de carinho ou qualquer coisa parecida. Eram faltas abstratas, de coisas que eu talvez nem saiba ao certo. Se eu pensar muito posso pirar achando que tudo se torna cada vez mais confuso nesse emaranhado de dúvidas que eu não pretendo esclarecer. E se tudo é mesmo uma questão de prioridade, sejamos sinceros: deixamos de ser nossas respectivas. Você foi a vontade que faltava em mim e eu fui o ponto final que você não conseguia colocar. E vice-versa. Fomos, voltamos e deixamos de ser. Mãos muitas vezes frias, mas o coração sempre quente. Até demais... Tentamos com todo o empenho do mundo desafiar nossa incompatibilidade, mais aparente a cada dia. Nosso problema talvez seja uma década inteira, aquela que você viveu e eu não. Talvez. Tudo não passa de hipóteses que a gente cria como quem revisita a mesma história várias vezes e sempre descobre uma nova possibilidade de justificativa. Somos muito iguais e ao mesmo tempo muito diferentes. As sensações que despertávamos um no outro também foram mudando com o passar dos dias, semanas e meses em que o iôiô ia e voltava. Mas até uma cicatriz fechada deixa marcas, e nós acumulamos várias. E mesmo com todos os sinais, tinhamos uma lista pronta de porquê valia a pena tentar mais uma vez. Tantas vezes voltamos aos mesmos lugares... Mas uma hora os cacos não se encaixam mais e o remendo não convence. Insistimos também por teimosia e sempre soubemos disso! Você idealizava uma série de coisas que eu não iria concretizar e eu fui virando um sonho cada vez menos real. Eu via nos seus olhos planos que não cabiam no meu projeto de vida e você também foi ficando cada vez mais presente e menos futuro. E o futuro parece finalmente ter chegado! Adeus você...

domingo, 22 de agosto de 2010

Quem cala também sente.


Sexta-feira retrasada, no auge de uma crise de stress, discuti com um cara bem legal que trabalha comigo. Ele é sempre muito engraçado e eu sou sempre bem-humorada, mas naquele dia não foi bem assim. O motivo era ridiculamente banal, mas foi o suficiente pra me fazer retrucar e não conseguir olhar nos olhos dele o resto da noite. Fiquei mal porque não gosto de me indispor com ninguém, mas sabia que estava certa e ali não cabia passar por cima da minha razão tão óbvia pela boa convivência. No dia seguinte não consegui esboçar nenhum sorriso pra ele, e até evitei contato visual porque achava essa situaçãozinha bem desconsertante. Mas não durou muito porque no domingo ele me surpreendeu! Depois de mais um dia cansativo de trabalho ele veio até mim e pediu desculpa por ter sido estúpido, se exaltado e batido boca comigo. Eu aceitei, é claro, e expliquei que não costumo reagir daquela forma, mas outros motivos me deixaram muito irritada. Nos abraçamos e eu sorri, espontaneamente! Foi tão sincero, que nem me importei com o tempo que levou pra que ele me procurasse de coração aberto, disposto a ouvir qualquer coisa que eu resolvesse falar. Confesso que não esperava tamanha humildade, e eu não quero dizer que ele é prepotente. Eu simplesmente achei que uma hora ou outra a raivinha ia passar, naturalmente, e quando menos esperássemos estariamos rindo de nossas piadas juntos, de novo. Pedir desculpas pode parecer cômodo do ponto de vista de quem é vítima de muitos vacilos da mesma pessoa, e eu até concordo. Mas é uma atitude corajosa e eu dei todos os créditos que ele mereceu. Depois de subir mentalmente o meu colega no meu próprio conceito, fiquei pensando em como, e quantas vezes, eu quis me sentir dona de uma atitude semelhante à que vi ele ter ali, naquele momento em que me parou e deu o primeiro passo da "reconciliação". Não hesitar quando preciso de respostas decisivas e me sentir firme o suficiente pra passar segurança aos que também hesitam comigo, às vezes. Pior do que não conseguir falar alguma coisa, é não poder escutar o que você sabe que está entalado na garganta de alguém. Quem nunca teve vontade ou sentiu que precisava parar uma pessoa, como ele fez comigo, e lançar um: "Vem cá, fala comigo!"?. Enquanto não atinjo esse patamar de coragem, auto-confiança ou o que quer que seja, continuo aqui. Sempre aqui, e sempre pronta pros momentos em que essas pessoas que precisam ser paradas vão criar coragem de vir até mim e contar muitas coisas que no fundo eu até já sei. E isso, mal sabem elas, é exatamente o que eu quero ouvir...

sábado, 17 de julho de 2010

O que eu nunca soube explicar.


E depois de muito tempo eu voltei. Voltei porque passei a noite pensando, pra variar, nos meus sentimentos sempre tão inconstantes e incompreendidos. E eu nem reclamo dessa falta de compreensão, porque posso imaginar todas as dúvidas que eu já plantei (até hoje) na cabeça de cada uma das pessoas que passaram por mim. Algumas dessas ainda permanecem por aqui de alguma forma e simplesmente não vão embora, seja fisicamente ou aqui dentro mesmo.
Muitos anos experimentando as mais diversas reações e eu não vejo maneiras de explicar que esse jeito aparentemente leviano e displicente não é uma escolha minha e que nada disso é intencional. Queria que todas vítimas do meu pouco-caso aparente soubessem que não é pouco-caso coisa nenhuma! Queria que todo mundo entendesse de uma vez por todas que ser volúvel não me agrada. Aliás, eu mesma sou pega de surpresa pela maioria das mudanças bruscas que, às vezes, eu incorporo.
Não entra na minha cabeça como eu posso me cansar logo quando as coisas parecem entrar nos trilhos e é surreal essa minha necessidade de sentir que preciso (re)conquistar o tempo todo. A verdade é que eu gosto do jogo! Talvez muito mais do que eu imagino...E pra mim o mais difícil é manter a empolgação do antes, quando chega o durante.
Me impressiona a facilidade com que eu toco tudo em frente, mesmo quando deixo coisas importantíssimas pra trás. É um desapego que vai além do que eu sou capaz de digerir, por isso prefiro nem refletir muito a respeito quando percebo que a vontade escorreu pelo ralo, em algum momento que eu não percebi. E só eu sei o quanto eu reluto em aceitar que já perdeu a graça, tão cedo. Qualquer pessoa normal começaria a gostar das coisas no mesmo momento em que elas perdem totalmente o encanto pra mim: quando eu consigo, quando dá certo. Na minha cabeça e no meu coração funciona diferente! É como se cada meta alcançada indicasse a hora de traçar um novo objetivo, porque o primeiro já não me serve mais! Talvez isso explique muita coisa pra muita gente. Todas aquelas que eu nunca tive coragem de falar por telefone, escrever em um e-mail e muito menos confessar olhando nos olhos.
Pronto, acabei de desmistificar! Todas as vezes em que eu não atendi as ligações, não respondi as mensagens e sumi, foi porque já era hora de buscar outra coisa, por mais que eu não soubesse e nem pudesse entender. E se eu pareci fria e insensível, foi por me envolver só até a página 2, quando eu sei que a hora de partir está próxima e, inconscientemente, já começo a me desvincular pouco a pouco de cada vestígio seu ou nosso que ainda exista em mim. Não gosto, não concordo, mas preciso aceitar pra aprender a lidar melhor com todos os poréns que cercam minhas relações inter-pessoais. Difícil pra você? Pior pra mim, acredite.
Peço desculpas publicamente por todas as mágoas que eu causei mesmo sem querer, e todas as rotinas que eu tumultuei por ter um rítmo diferente de todo o resto do mundo e não saber o que é dar tempo ao tempo. Provavelmente a intensidade com que eu vivo é justamente por saber que as coisas já começam com um prazo de validade pré-determinado, pra mim. Muitas vezes eu fui embora querendo ficar. Ou melhor, querendo querer ficar...

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Minhas pernas inquietas.


Minha cabeça, que sempre foi um emaranhado de pontos de interrogação, permanece confusa. Cada vez mais! E quantas vezes eu não ouvi dos outros que me preocupei à toa? É o famoso: "não sofra por antecipação". Fácil pra quem não se envolve com o indefinido. Eu já sei muito bem que não adianta tentar desenrolar os mal-entendidos (ou não-entendidos), nem fantasiar sobre o que não podemos prever.
Mas continua sendo difícil, pra mim, ser equilibrada o suficiente pra conseguir segurar a ansiedade de querer saber cada passo que será dado na cena seguinte, típico de quem insiste nessa mania péssima de querer dominar da situação. Tudo porque não posso perder o controle do que está a meu alcance, nem quero perceber que em algum momento eu deixei as coisas acontecerem sem minha autorização, como se eu tivesse algum veto absoluto e incontestável sobre todos os acontecimentos ao meu redor.
Inúmeras vezes eu soube que meu sofrimento precoce poderia ser em vão, mas conto nos dedos as vezes em que eu consegui usar essa informação a meu favor. Esse é o problema de ser intensa em todos os seus sentimentos! Você vive o amor com intensidade, mas o ódio e a própria ansiedade também. Bons e ruins, todos intensos! Você vai do inferno ao céu em segundos e faz da vida uma montanha-russa com frios na barriga mais constantes do que trocas de roupa. Por que não deixar as respostas virem até você no tempo certo? Pra quê esse ritmo frenético que te faz atropelar tantas coisas e engasgar com algumas delas?
Uma das definições de ansiedade no dicionário é "sofrimento de quem espera o que é certo vir; impaciência", e eu não quero mais conviver com esse incômodo que me aflige sempre que algo importante se aproxima. Também não quero ver chegar o dia em que vou descobrir que aquela gastrite iminente passou a fazer parte de mim. Chega da síndrome das pernas inquietas, chega de mascar chiclete até perder totalmente o gosto e virar borracha só pra desviar minha atenção!
Mas como eu vou saber se toda minha pressa pra chegar é por causa de você? E quem vai me dizer se pensar na mesma coisa em tantos momentos diferentes do dia continua dentro do aceitável? Quem vai controlar essas batidas fortes e o rosto corado?
No fundo eu gosto dessa ansiedade louca e cadenciada que me angustia mas que, ao mesmo tempo, sustenta minha vontade de passar por todas essas situações desconcertantes numa boa, tantas vezes, e me faz rir de todas elas depois.
Não vejo alimento melhor pra alma do que essas borboletas no estômago...

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Além do que se sente.


Estou há mais de 30 minutos tentando dormir e não consigo. Não tenho uma entrevista no consulado, uma prova difícil, uma viagem muito esperada ou um reencontro tenso pra amanhã. Aparentemente nada que me deixe ansiosa a ponto de tirar meu sono, que quem me conhece sabe o quão precioso é pra mim. Mas apesar de deitada, permaneci inquieta. Troquei de posição várias vezes, mudei o canal de música pra algo mais tranquilo - quem sabe uma trilha mais calma embalasse melhor meu sono, que simplesmente não dava nem sinais de estar próximo.
De repente começou a tocar uma música da Alanis Morissette que me fez lembrar de um amigo antigo e consequentemente de Lorena, a cidade em que eu nasci (pra quem ainda não sabe).
O mais engraçado foi que a Alanis despertou em mim uma saudade que eu não sentia há muito tempo! Daquelas que fazem você sentir o coração mais vivo, palpitando, e deixam um frio na barriga sem hora exata pra passar.
Eu, que sempre me culpei e achei feio não sentir tanta falta das coisas de lá como eu achava que deveria sentir depois de me mudar, senti hoje uma saudade imensurável e doída do Clube, dos amigos, das músicas que eu ouvia em 2002, além da Alanis, e de tantas outras coisas.
A partir daí minha insônia passou a ter um motivo.
Ri sozinha lembrando de muitas coisas que vivi por lá, e curti muito o momento nostálgico-saudosista que tomou conta de mim de repente.
Não me lembro de ter sentido nada tão intenso com relação a essa parte do meu passado como hoje. Confesso que tive até vontade de chorar, mas ao mesmo tempo fiquei feliz e me senti aliviada por perceber que não preciso me cobrar ou me sentir uma insensível por não lamentar todos os dias essa mudança de cidade e a página virada. Não ter uma vontade frequente de voltar não quer dizer que eu não tenha sido extremamente feliz enquanto morei lá. Pela primeira vez eu entendi que não preciso me sentir mal por estar bem aqui. É engraçado como em algumas situações a gente se força tanto a aceitar o fim de um ciclo e o quanto sofremos com isso. Repetimos mentalmente inúmeras vezes que vai ser melhor assim, como se precisássemos nos convencer de uma coisa que não é bem o que acreditamos: vira um mantra, pra que a mudança seja incorporada, de fato! Mas em outros momentos parecemos vivenciar o cúmulo da frieza e crueldade por não sentir saudades diárias de algo que foi tão bom. E é por esses momentos que quero relembrar todo mundo de que nós não temos prazo pra sentir falta das coisas. Quando você sentir a saudade bater mesmo, vai ser tão pura e verdadeira que vai fazer você ter vontade de chorar, assim como eu tive!
E quando essa mesma saudade vier me visitar de novo, vou querer voar pra lá e correr pela varanda enorme da casa da Vó Ignez e comer um pacote de Frumelo, vou ouvir a risada gostosa da Vó Sonia e passar horas contando minhas artes pra ela, vou andar no Calçadão no sábado de manhã e encontrar todos os meus amigos, vou querer andar de bicicleta pela Peixoto, vou sair a noite sem marcar nada com ninguém porque sei que no fim todo mundo sempre se encontra nos mesmos lugares.
Amo todas essas particularidades que te fazem tão querida e tão minha. Minha Lorena!
Só duas horinhas de carro me separam de você, Lorencity.
Até logo mais!